O contato dos pés no chão, por si só, não é impedimento para que pedras cruzem o nosso caminho: sejam pedrinhas, pedregulhos ou pedreiras (essas têm dono, e que DONO!).
Quando as vimos antes de trupicar, como dizem os mineiros, nos desviamos, porém, ao menor descuido, ah! É possível se deparar com pedras ainda maiores, inesperadas, julgadas intransponíveis no trajeto tão sonhado.
Sentir o incômodo que a mesma produz, quando pisada, chutada ou atiradas pelas costas, essas então, são esmagadoras.
Aqui, aprendo a ser natureza manifestando meu ser inovador diante dos desafios, buscando não culpar a pedra por ser pedra e a mim também por estar em seu caminho, revejo e reverencio o ancestre que fui.
Essa arte de se produzir afeto ou deixar que o afeto se manifeste,
é obra de Oxum, a Senhora que guia meus passos.
Capto a graça, na tortuosa curva chamada vida.
Ao me conectar com algo além,
atento-me integrada aos vazios das possibilidades concedidas.
Cada espaço vazio gerado abre outras lacunas
são sulcos sinuosos forjados a fogo por Xangô no caminho de meu porvir.
Convidada a observar as curvas e suas nuances, contemplo os seres que ali vivem e a forma com que vão se apresentando.
Ressignifico a frustração navegante que sou da vida.
Refaço meu mapa náutico, e junto a Netuno e Janaína.
Atinando agora que as pedras propiciam saltos
para o desenvolver
memórias de um mundo bom!
Ana Maria,
navegante das pedras preciosas com que me honraram o caminho.
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