Quando me dou conta do tamanho do universo que somos, do tamanho da constelação que formamos, nos apequenamos.
Quando me dou conta que não sei o nome do meu bisavô, que dificilmente saberei o nome do tataravô do tataravô, se acrocha em mim uma dorzinha, como assim qual nunca sequer ousei perguntar. Perdi tempo imaginando as intrigas cotidianas com os iguais e tento em vão, recolocar minhas raízes e verdadeiras lutas, as quais valeria a pena travar.
No dia de hoje, já a noite é recolhida em madrugada de sonho com o masculino me despertando. Do que sinto tanto medo?! Abandono, rejeição ou falta de comunicação própria?! Embriagada com a amplitude da resposta que não tenho, um vasto espaço se abre ante meus olhos, num oco vazio sem fim dentro do peito, tamanha solitude!
Pedi e muito me foi revelado, às avessas do não dito sobre o efêmero masculino: o não direito a conhecer, a ter conversas profundas e difíceis; a não intercomunicação de eras, abusos viciosos aceitos até pela psicologia, que os percebem banais.
Ao ser mãe, me reencontro com a presença paterna que não aconteceu. Revelo segredos que meus traumas carregam. Pesponto relações passadas em meu corpo sutil que hoje compreende a dimensão da exclusão.
Tataravô do tataravô, seja você quem for, chuleio em ponto apertado no meu coração, pedindo que receba devota a minha oração. Gratidão por sua passagem essencial para minha existência. Vejo que, no mínimo, são oito, e com isso, aumento o meu universo visceral.
Gratidão,
Uma mulher.
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